Em uma disputa nada amigável, o país oriental e os EUA disputam pelo título do país que detém a tecnologia capaz de desenvolver o supercomputador mais rápido do mundo.
Segundo o blog Gadget Lab da revista Wired, uma espécie de Guerra Fria – muito mais branda que a original – acontece entre China e Estados Unidos, onde um dos lados que mostrar que tem mais capacidade tecnológica que o outro.
Um dos peões colocados neste tabuleiro é a capacidade de seus supercomputadores, máquinas utilizadas para o processamento de informações de forma agressiva, como cálculos de trilhões de dígitos, ou renderização de animações em vídeo com muitos detalhes e variações físicas.
Isto seria impossível em computadores convencionais.
Acontece que desta vez, o troféu vai para as ambiciosas mãos chinesas – mesmo ainda não tendo sido ratificado pela lista Top500 de supercomputadores, que só será publicada em janeiro. Seu supercomputador possui 7.168 unidades de processamento gráfico da NVIDIA, de modelo Tesla M2050 e 14.336 processadores Intel Xeon. Ainda não foi desta vez que a China conseguiu produzir um supercomputador com chips nacionais, mas a combinação Intel + NVIDIA do dragão chinês foi capaz de desenvolver um desempenho de cerca de 2,51 petaflops.
Para deixar claro, isto representa que ele é capaz de realizar absurdos 2.507 trilhões de cálculos por segundo (ou 2,51 quatrilhões), mesmo com números que possuem pontos flutuantes (ou seja, fracionários de grandezas distintas).
De acordo com o site Engadget, a poderosa máquina chinesa, nomeada Tianhe-1A, conseguiu ultrapassar seu concorrente imediato, o norte-americano Cray Xt5, apelidado de “Jaguar”. Alocado no Laboratório Nacional Oak Ridge, no Tennessee (www.ornl.gov), o Jaguar fica “lá atrás” com um desempenho de “apenas” 1,75 petaflops, com “somente” 37.376 processadores da AMD.
A vantagem do leão chinês se dá, pois ele combina o uso de processadores comuns de servidores, com as GPUs da NVIDIA, em uma tática já utilizada por usuários domésticos, para tornar seus PCs mais poderosos.
A NVIDIA diz que, se suas unidades de processamento gráfico não fossem utilizadas, a equipe que montou o Tianhe-1A teria que juntar cerca de 50.000 processadores, e o dobro de espaço físico ocupado pela super máquina, para obter o mesmo desempenho. O uso de GPUs para computação de alto desempenho é uma nova tendência que muitos datacenters estão seguindo.
Este tipo de processador pode executar tarefas especializadas, principalmente relacionadas à computação gráfica e visual, que trabalharão em conjunto com os CPUs para acelerar o processamento da informação.
Outro ponto importante é o consumo de energia, que é reduzido quando se utiliza este sistema de combinação das tecnologias.
Com GPUs trabalhando com os processadores convencionais, este projeto consome 4,04 megawatts, três vezes menos do que teria se fosse construída inteiramente com CPUs, como afirma a NVIDIA.
Fisicamente, o Tianhe-1A é um monstro de computação. Ele tem 262 terabytes de memória e está alocado em 140 gabinetes do tamanho de geladeiras.
Os petaflops chineses
O desempenho de qualquer computador (mesmo o seu na sua casa) é medido em uma unidade esquisita chamada flops (assim mesmo, com “s” no final, mesmo no singular). Um flops representa a potência computacional de uma máquina capaz de realizar uma operação matemática em ponto flutuante (ou seja, com números decimas de muitas casas) em um segundo.
Um petaflop, a unidade usada em supercomputadores, representaria portanto a capacidade de realizar um quatrilhão dessas operações por segundo. A título de comparação, o processador atual mais rápido para PC, o Intel Core i7 965 XE, chega a “apenas” 70 gigaflops, ou 0,07 teraflops ou, para podermos comparar com o desempenho do Tianhe-1A, 0,00007 petaflops.
Os petaflops (ou teraflops ou mesmo gigaflops, se o computador for mais lento) é medido com softwares de benchmark como o Linpack.
Em junho deste ano, a China já havia alcançado o segundo lugar na lista semestral dos Top500 (top500.org), que elenca os supercomputadores mais potentes do planeta. A última lista, apresentada na Conferência Internacional de Supercomputação 2010, mostra que o sistema chinês Nebulae já ocupava o segundo lugar, mesmo tendo sido lançado apenas no final do ano passado. O primeiro lugar continuava (até o aparecimento do Tianhe-1A) com o Jaguar da ORNL, nos Estados Unidos.
A posição ocupada pelo sistema Nebulae já mostrava a clara iniciativa da China de entrar para o grupo de países possuidores de supercomputadores, afirmou o site da organização do Top500 na época. O Nebulae está localizada no Centro Nacional de Supercomputação, em Shenzhen e é baseado na plataforma Dawning TC3600 Blade, com processadores Intel X5650 e GPU (Graphics Processing Unit) NVidia Tesla C2050. Já o o Cray XT5 do Jaguar é baseado em processadores AMD Opteron.
A lista Top 500 é compilada e publicada duas vezes por ano por Hans Meuer, da Universidade de Mannheim, na Alemanha, Erich Strohmaier e Horst Simon, do Laboratório Nacional de Berkeley NERSC/Lawrence e Jack Dongarra da Universidade do Tennessee, ambos dos Estados Unidos, país que domina a lista com 282 supercomputadores entre os 500 mais rápidos.
O Brasil possui apenas um supercomputador na lista, batizado de Galileu e instalado no NACAD/COPPE da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É baseado na plataforma Blade 6048, da Sun, e usa processadores Intel Xeon de 2.8 GHz. Sua performance média é de “modestos” 64 teraflops (0,064 petaflops) e roda Linux.
Via http://toad.geek.com.br/