A UE (União Europeia) aplicou uma multa recorde de 1,06 bilhão de euros (quase R$ 3 bilhões) à Intel, maior fabricante mundial de chips, por práticas anticompetitivas. A empresa é acusada de pagar ilegalmente a fabricantes de computadores para que adiassem ou cancelassem o lançamento de produtos contendo chips fabricados por uma de suas principais concorrentes, a AMD.
O recorde anterior de multa aplicada pelo órgão era da gigante americana do software Microsoft, que ano passado foi condenada a pagar 899 milhões de euros (R$ 2,5 bilhões) por não cooperar após uma sentença contra a empresa, também por abuso de posição dominante. O grupo apresentou um recurso judicial que está em andamento.
A Intel domina cerca de 80% do mercado de computadores pessoais no mundo. A Comissão Europeia –órgão executivo da UE– afirma que a empresa descumpriu regras de concorrência do bloco, ao usar sua posição dominante de mercado com uma estratégia deliberada para impedir o crescimento da AMD –o órgão pediu que a Intel abandone essas práticas.
A UE afirma que a Intel concedeu benefícios a fabricantes como Acer, Dell, HP, Lenovo e NEC para comprar quase todos os seus processadores do tipo X86 e pagou a eles para interromper ou atrasar o lançamento de computadores com chips da AMD.
O órgão também afirma que a companhia pagou ao maior varejista do setor de eletrônicos da Alemanha, a Media Saturn Holding, dono das lojas MediaMarkt, entre 2002 e 2007, para armazenar apenas PCs com produtos Intel.
A multa foi calculada com base nas vendas de chips da empresa na Europa durante os anos em que a prática foi detectada. A Europa foi responsável por cerca de 30% dos 22 bilhões de euros (R$ 62 bilhões) que a empresa obteve com a venda de chips ano passado.
O executivo-chefe da Intel, Paul Otellini, afirmou que a empresa vai recorrer da decisão, classificando como “errada”. “Não houve qualquer malefício aos consumidores”, disse. Ele prometeu colaborar com as investigações, mas disse que a decisão é ambígua.